sábado, 26 de maio de 2012

ISQUEIRO

(Conto pequenininho)


Eram muitos desaforos, muita violência, muito horror, por dentro e por fora daquele homem.

Sozinha. Ela, as roupas dele e um isqueiro novo.

 Queimaria tudo, talvez se mataria. Tudo faria se o "maldito" amor não a segurasse.


(Luciene Lima Prado)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A VIDA É MAIS OU MENOS UM JOGO DE XADREZ

      Estamos nós dois, presos a um jogo de xadrez. Meu adversário a pensar numa boa jogada, como bom estrategista que é; e eu a fingir que jogo. 

      A vida se compara a esse jogo desafiador, em que sempre existem aqueles que são vencedores, pois se esforçam para fazer o melhor que podem e sempre vencem; outros como eu, capazes de alguma vitória, mas são medrosos, não se esforçam e desistem de ir até o fim. 

      Agora, estou entregando meu jogo, querendo mesmo desistir, mas meu parceiro diz que não posso movimentar a peça que quero, pois estou em “xeque”. Pouco entendo desse jogo. Por mim, ele já teria acabado. 

      Como um jogo, não basta apenas viver, é preciso saber o que fazer, como agir na hora certa e nunca fugir ou se entregar diante de um obstáculo. 

      Chegamos ao fim. Se eu aplicasse todo meu potencial no jogo, usasse de alguma criatividade, pode ser que eu ganharia. Seria um milagre. Os covardes sempre estão em busca de um milagre. Na verdade, milagres vêm quando fazemos algo para merecê-lo. Igual ao que diz o ditado: “Faça tua parte que eu te ajudarei.” E ainda existe aquele outro: “Sem sacrifício, não há recompensa.” E no momento, vou me lembrando de uma frase cujo autor desconheço: “Mais vale as lágrimas de nunca ter vencido do que a vergonha de nunca ter lutado.”

      Então é isso, alguns se preparam mais e, mesmo perdendo, continuam jogando-vivendo; enquanto há aqueles que, por acharem que são realmente perdedores, nunca vão tentar vencer. 

      Enfim, espero que, nesse momento de reflexão durante o jogo, eu tenha aprendido a lição. Mas isso é coisa para eu testar outro dia, porque esse jogo de xadrez me deixou de “miolos quentes". 

(Luciene Lima Prado) 

sábado, 12 de maio de 2012

COMEMORAÇÃO SOLÍTÁRIA



COMEMORAÇÃO SOLÍTÁRIA

   Hoje festejo meu nonagésimo terceiro aniversário. Sozinha mesmo. Sem família, sem ninguém para se lembrar desta data. 
   Vou comemorar meus noventa e três anos com alegria. Uma vez na vida tenho que me presentear com um dia assim. Meus remédios não vou tomar hoje. Nada de privação em relação à comida, nada de não poder fazer isso ou aquilo. No meu aniversário posso tudo. 
   Nesta data mereço relaxar, apesar da saudade, das mágoas e de tudo que machuca meu coração. Vou fazer uma festa solitária. 
   Não vou recordar dos poucos momentos bons que vivi. Não me interessa o passado, mas o dia de hoje, a alegria que sinto, mesmo sendo fantasia. Quero inventar meu instante de felicidade, porque não sei até quando estarei viva. Talvez eu morra daqui a pouco. 
   Nossa! Não quero interromper meu curto tempo com pensamentos. Onde estará aquele vestido que usei no casamento da minha finada amiga Roberta? Ah! Está ali naquela caixa. Eu o guardei como lembrança daquele dia. 
   Ai! Que difícil pra eu me abaixar... Ui! Hum! Pronto! Aqui está ele. Olha que lindo! Ah, Saudade! Xô, saudade! Quero viver este momento agora!
   Vou imaginar que estou em um baile onde sou a mais bela. Olha quantos rapazes bonitos olhando pra mim! Lá, lá, lá, lá, lá... 
   Hoje é meu aniversário de 15 anos ! Meu aniversário... meu anivers... meu an... mmm... 


(Luciene Lima Prado)